terça-feira, 22 de março de 2011

Buscando inspiração


A inspiração pode vir de onde menos se espera. Às vezes preciso do caos em minha mente para que a partir dele eu inicie o processo de concatenação dos fatos... mas às vezes (como agora), estar com a mente vazia também pode dar um empurrãozinho para a tomada de decisões...

Ontem eu estava entediada com a vida rotineira e pacífica que tenho tentado levar sem me lamentar demais. Mas hoje, decidi quebrar a rotina e comecei o dia assistindo a um dos DVD’s que tenho em casa, mais precisamente, assisti ao filme “Fale Comigo” (Talk to Me, 2007).

Sinopse: Em um período turbulento da história norte-americana, a música parece ser a grande salvação para a comunidade negra de Washington. Inspirado na história real de Ralph Waldo "Petey" Greene (Don Cheadle), o filme retrata a luta do ativista negro contra o preconceito racial em uma rádio exclusiva para brancos na década de 60. Misturando ritmo e discursos de ação, o DJ tenta conscientizar a população nas suas enérgicas transmissões.

Assistir a um filme divertido logo cedo faz o dia começar melhor, claro. Mas não foi apenas isso que aconteceu... fez com que eu me lembrasse de quem sou, da profissão que tenho e não exerço: Radialista.

Sim, sou radialista, como DRT e tudo. Devo ter escrito esta palavra em muitas fichas... de hotel, de consultório médico e tantas outras. Uma palavra... apenas uma palavra... nada mais que isso. Palavra que serve apenas para preencher fichas (sempre recusei utilizar a outra opção que é bem ruim... comunicóloga...).

Menos mal, por muito tempo fiquei incomodada por não saber exatamente o que escrever (ou responder) na hora de preencher o campo ‘profissão’... dizia fotógrafa, entre outras coisas... mas todas eram pseudoprofissões... não regulamentadas de verdade. Depois que terminei a faculdade fiquei feliz por ter, finalmente, algo para responder nessas ocasiões.

Atualmente, nem para esta simples finalidade minha profissão tem servido. Prefiro não dizer que sou radialista para não ter que escutar perguntas idiotas.

Sinto um enorme vazio por não exercer uma profissão que traga algo de útil à sociedade... de forma mais humana, que ajude outras pessoas. Meu trabalho real serve apenas para atender às necessidades de uma sociedade de consumo... isso é importante e necessário, de certa forma, mas não resolve em nada os problemas sociais que tanto me incomodam.

"Talk to Me" fez com que eu lembrasse da grande importância que minha profissão tem (minha profissão de formação, e não o trabalho remunerado que exerço). Não preciso ser assistente social ou coisa parecida para tentar realizar tais mudanças... não! Preciso, sim, dar voz às pessoas que precisam ser ouvidas... assim como já fiz outras vezes. O poder dos meios de comunicação é insuperável... ainda mais hoje, com a Internet, onde posso publicar o que eu quiser sem prévia aprovação. Não posso me acovardar diante de uma situação insatisfatória... estou assim pelo simples fato de ter me acomodado. Quero, novamente, soltar o verbo e mostrar aquilo que incomoda.. cutucar a ferida de quem não quer sentir os efeitos de uma sociedade tão desestruturada.

A inspiração veio.

Durante o período da tarde, pensei em novos projetos (e em antigos não concretizados) para voltar à ativa... quem sabe assim, passo a ficar mais à vontade na hora de preencher dados cadastrais.


2 comentários:

Marcelo Fabri disse...

Gosto muito de trabalhar com rádio. Sempre foi meu estúdio predileto na faculdade. Tenho muitas ideias também. Vou tentar por no papel e te mostrar.
Marcelo

Fabiane disse...

Que ótimo... estou mesmo a fim de colocar projetos em prática! Seria muito bom ter com quem discutir sobre o assunto!

Beijos